domingo, 4 de setembro de 2011

Linhas tortas: ELA

A casa estaria completamente escura, se não fossem pelas pequenas luzes vindas dos diversos aparelhos eletrônicos espalhados pela casa. Ela estica o braço e pega o celular. A luz do aparelho ilumina o quarto, são 4 da manhã do domingo e ela ainda não dormiu. 

Ela é uma mulher que irradia beleza e confiança, aquele tipo de mulher que chama atenção pelo simples fato de existir. Mas, para ela, não bastava ser bonita. Inteligente, muito nova já era uma bem sucedida mulher de negócios, era cobiçada pelos homens e pelas empresas concorrentes. Cuidava de si mesma, trabalhava muito, tinha um ótimo emprego e um salário melhor ainda. Sem falar na casa enorme e confortável. Simpática, era sempre cercada de pessoas, mas não confiava em ninguém. Morava sozinha e era sozinha que passava grande parte do tempo fora do trabalho.

Ainda segurando o celular, ela levanta da cama. Como o sono não vem, não faz sentido continuar deitada. Na cozinha, pega uma maçã. Passando pela sala, de uma só vez, pega o pendrive e as chaves do carro. Resolve dar uma volta, mas não consegue dirigir se não estiver ouvindo música - as suas preferidas estão naquele pendrive.

São poucos os sinais da manhã que podem ser vistos na rua. Ao entrar no carro ela já sabe para onde vai: caminhar um pouco na praia e depois sentar na areia, enquanto observa o nascer do sol. Os primeiros raios de sol tocam em seu rosto enquanto ela pode sentir as ondas batendo calmamente em seus pés.

Enquanto está sentada na areia ela começa a pensar na vida que tem. É o tipo de pessoa que pode ter qualquer coisa, mas que não se contenta em ter "qualquer coisa". Por tudo que passou no seu relativo pouco tempo de vida, ela sabe que merece o melhor. Mas algo a incomoda: mesmo com seu sucesso, seu status, seus contatos, seus parentes, seus amigos, seus bens, e tudo mais que ela já conquistou, ela sabe que ainda falta algo. 

Ela olha em volta, a praia não está mais deserta. Ao longe, vê um casal andando de mãos dadas. Eles sorriem enquanto olham para uma pequena criança fugindo das ondas. O casal é jovem e, junto ao filho, formam uma familia bonita. Ela coloca a mão no ventre e se imagina carregando o seu bem mais desejado: um filho, seu novo objetivo.

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